Xadrez interdisciplinar
Arte ou ciência, o jogo de Xadrez consiste numa poderosa atividade intelectual. Esse jogo milenar funciona como um instrumento sem igual no que se refere a sua capacidade de interligar as disciplinas escolares tanto exatas como humanas. Esse espaço é reservado a idéias que auxiliem professores e escolas que pretendem revolucionar seu método de ensino adequando-se às exigências do mundo contemporâneo, utilizando como guia principal o jogo de xadrez.
Um paradoxo matemático do tabuleiro de xadrez
Machado de Assis e o Xadrez
O sétimo Selo
Xadrez no Egito
Kierkegaard disputa uma partida
Hitler x Lenin?
Boxe e xadrez
Leon Tolstoi
Fernando Pessoa jogando xadrez
domingo, 5 de setembro de 2010
O Renascimento enxadrístico.
Nos séculos XVI e XVII e Itália viveu um esplêndido período cultural. Nomes como os de Leonardo da Vinci, Galileu, Michelangelo, Maquiavel e Monteverdi são glórias italianas e da humanidade. Esse florescimento intelectual certamente explica a importância dos jogadores italianos de xadrez naquele período. Alguns dos mestres da época publicaram os primeiros tratados teóricos do xadrez, entre eles o famoso livro de Grecco. Ainda hoje, alguns termos do xadrez italianos são empregados por jogadores de todo o mundo e em todos os idiomas. Por exemplo, fianchetto (pequeno flanco), gambito (perninha), ataque Fegatello ("pequeno fígado", certamente o frágil ponto f7 das pretas), abertura Giuoco Piano ("jogo suave").
A matemática enxadrística
O problema do cavalo, ou passeio do cavalo, é um problema matemático envolvendo o movimento da peça do cavalo no tabuleiro de xadrez. O cavalo é colocado no tabuleiro vazio e, seguindo as regras do jogo, precisa passar por todas as casas exatamente uma vez. Existem diversas soluções para o problema, dentre elas 26.534.728.821.064 terminam numa casa da qual ele ataca a casa na qual iniciou o seu movimento. Esses caminhos são chamados de fechados pois com mais um movimento o cavalo volta para a posição inicial, formando assim um ciclo. Quando o cavalo termina em uma posição em que não é posível retonar à casa inicial o caminho é dito aberto. Uma determinada solução fechada pode ser realizada iniciando-se de qualquer casa do tabuleiro, o que não é o caso de uma solução aberta.
Durante séculos muitas variações desse problema foram estudadas por matemáticos, incluindo Euler que em 1759 foi o primeiro a estudar cientificamente esse problema.
O xadrez também se mostra muito interessante do ponto de vista matemático. Diversos problemas de natureza combinatória e topológica ligados ao xadrez, são conhecidos e foram estudados nas últimas centenas de anos. Em 1913, Ernst Zermelo utilizou estes estudos como a base de sua Teoria dos Jogos Estratégicos, que é considerada como uma das predecessoras da Teoria dos Jogos.
O desafio mais importante da matemática ligada ao xadrez foi o desenvolvimento de algoritmos que possibilitassem que uma máquina pudesse jogar xadrez. A ideia de criar tal máquina data do século XVIII. Por volta do ano de 1769, o automato xadrezistico conhecido como O Turco tornou-se famoso na Europa. Neste caso, o Turco era apenas uma fraude engenhosa e suas pretensas habilidades como exímio xadrezista eram proporcionadas por um anão, que escondido dentro de suas engrenagens, operava o braço mecânico do automato com perfeição.
Durante séculos muitas variações desse problema foram estudadas por matemáticos, incluindo Euler que em 1759 foi o primeiro a estudar cientificamente esse problema.
O xadrez também se mostra muito interessante do ponto de vista matemático. Diversos problemas de natureza combinatória e topológica ligados ao xadrez, são conhecidos e foram estudados nas últimas centenas de anos. Em 1913, Ernst Zermelo utilizou estes estudos como a base de sua Teoria dos Jogos Estratégicos, que é considerada como uma das predecessoras da Teoria dos Jogos.
O desafio mais importante da matemática ligada ao xadrez foi o desenvolvimento de algoritmos que possibilitassem que uma máquina pudesse jogar xadrez. A ideia de criar tal máquina data do século XVIII. Por volta do ano de 1769, o automato xadrezistico conhecido como O Turco tornou-se famoso na Europa. Neste caso, o Turco era apenas uma fraude engenhosa e suas pretensas habilidades como exímio xadrezista eram proporcionadas por um anão, que escondido dentro de suas engrenagens, operava o braço mecânico do automato com perfeição.
Mais posições de peças num tabuleiro que átomos no universo!!!
Estima-se que o número de posições legais de peças sobre o tabuleiro de xadrez está situado entre as potências de 10 elevado a 43 e 10 elevado a 50 com uma árvore de complexidade de aproximadamente 10 elevado a 123. A árvore de complexidade do xadrez foi determinada pela primeira vez pelo matemático norte-americano Claude Shannon, uma grandeza hoje conhecida como o Número de Shannon. É possível ter-se uma ideia aproximada da grandeza deste número sabendo-se que, como comparação, o número de átomos no Universo é estimado em 10 elevado a 79, ou seja, o número de lances possíveis excede em muito o número de átomos presentes no universo conhecido. Outros cálculos indicam que há 170 setilhões (1,7 × 10 elevado a 23) de maneiras de se fazer os dez primeiros movimentos numa partida de xadrez. (pt.wikipedia.org)
Projeto escolar de xadrez em SP
O programa Xadrez Movimento Educativo, da prefeitura de São Paulo, guarda uma diferença básica em relação a outros destinados a melhorar a qualidade do ensino público no Brasil: não surgiu dos gabinetes das autoridades ou de esferas partidárias instaladas no governo. Nasceu de iniciativas isoladas de professores que gostavam de jogar xadrez e pensaram em ensiná-lo a seus alunos. E, movida pelo entusiasmo desses mesmos alunos - decididos a aproveitar uma oportunidade só oferecida em países socialistas ou pelas mais caras escolas particulares -, a prática atravessou incólume as administrações de Paulo Maluf e Celso Pitta, para atingir seu auge na gestão petista de Marta Suplicy.
No dia 21 de novembro do ano passado, na inauguração do Centro Educacional Unificado (CEU) Inácio Monteiro, uma das escolas com piscina e teatro que estão sendo erguidas na periferia paulistana, ninguém menos que o russo Anatoly Karpov - campeão mundial de xadrez entre 1975 e 1985 - teve de suar a camisa numa sessão de partidas simultâneas contra 20 alunos, representantes de outras tantas escolas da rede municipal.
Após três horas de renhido combate, Karpov venceu a todos, emocionando-se, entretanto, por ver num remoto país da América do Sul grupos de crianças alternarem práticas locais - como a capoeira - com as artimanhas intelectuais do tabuleiro. Algo somente imaginável há algumas décadas, nos países da antiga União Soviética.
Para que esses jovens chegassem a ter o privilégio de medir forças com o ex-campeão mundial, um longo caminho, repleto de obstáculos e questões burocráticas, teve de ser percorrido por alguns professores abnegados.(HERBERT CARVALHO - www.sescsp.org.br)
No dia 21 de novembro do ano passado, na inauguração do Centro Educacional Unificado (CEU) Inácio Monteiro, uma das escolas com piscina e teatro que estão sendo erguidas na periferia paulistana, ninguém menos que o russo Anatoly Karpov - campeão mundial de xadrez entre 1975 e 1985 - teve de suar a camisa numa sessão de partidas simultâneas contra 20 alunos, representantes de outras tantas escolas da rede municipal.
Após três horas de renhido combate, Karpov venceu a todos, emocionando-se, entretanto, por ver num remoto país da América do Sul grupos de crianças alternarem práticas locais - como a capoeira - com as artimanhas intelectuais do tabuleiro. Algo somente imaginável há algumas décadas, nos países da antiga União Soviética.
Para que esses jovens chegassem a ter o privilégio de medir forças com o ex-campeão mundial, um longo caminho, repleto de obstáculos e questões burocráticas, teve de ser percorrido por alguns professores abnegados.(HERBERT CARVALHO - www.sescsp.org.br)
"Segredos de uma Mente Brilhante – Motivação e treino podem superar habilidades inatas" – Scientific American – Setembro 2006.
No número regular de setembro último da prestigiada revista Scientific American, editada há mais de 150 anos nos EUA, a matéria principal e de capa refere-se ao jogo de xadrez. O autor do texto, Philip E. Ross, é um aficionado do nosso esporte e colaborador regular da publicação e, nela, registra como algumas das mais recentes pesquisas em psicologia e neurologia têm procurado examinar os processos mentais dos campeões de xadrez, visando compreender como esses jogadores produzem sua competência no jogo e conseguem êxito destacado em suas performances. Há uma impressionante e inspirada ilustração na capa, sugerindo as elaborações de um simultanista ao controlar as possibilidades das peças em vários tabuleiros e que chama a atenção imediata de qualquer leitor em potencial, seja enxadrista ou não. Dessa forma, uma revista de divulgação científica altamente respeitada em todo mundo deu destaque ao xadrez tanto na edição original norte-americana, como nas diversas republicações que têm lugar em vários países e línguas diferentes como se dá na Alemanha, Bélgica- Holanda, China, Espanha, França, Grécia, Itália, Índia, Israel, Japão, Coréia do Sul, Kuwait, Polônia, República Checa, Romênia, Rússia, Ucrânia, Taiwan e, felizmente, também no Brasil! São vinte edições espalhando mensalmente pelo mundo a melhor qualidade de reportagem científica e, nesse caso específico, tratando justamente das habilidades e características psicológicas que os mestres de xadrez exibem quando processam mentalmente as opções numa partida e que, eventualmente, poderão ser transferidas para outros campos e terem positiva aplicação no ensino da leitura, da escrita e da aprendizagem de matemática e outras disciplinas regulares do currículo escolar. (http://www.fpx.com.br)
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Xadrez: uma perfeita ginástica mental
Recentemente, o The Wall Street Journal publicou um artigo assinado pelo Sr. Bernard Wysocki que abordava um tema muito debatido na sociedade científica norte-americana: a relação entre a atividade mental e a conservação da memória nas pessoas que passam dos 40 anos de idade.
Depois de ser os pioneiros na Saúde Física, os norte-americanos estão dedicados atualmente na manutenção de seus cérebros em forma. Daí os diferentes estudos realizados por respeitáveis instituições científicas sobre este importante tema.
No artigo mencionado, expõem-se vários conselhos para evitar a deterioração da memória. Desde determinadas dietas ricas em VITAMINA A, E e antioxidantes naturais, até dormir o suficiente, maior utilização da mão contrária, fazer exercícios diários e tratar de diminuir as situações que provoquem stress.
Assinala também que o enfoque mais popular para manter afinada a memória constitui em seu treinamento ativo, o que alguns especialistas denominam Ginástica Mental Aeróbica. Para tal efeito, a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, oferece cursos de treinamentos da memória, de cinco semanas de duração, baseados em diferentes provas cognoscitivas e conselhos práticos.
Baseados no princípio de que órgão que não se exercita se atrofia, e de estudos recentes que reforçam o critério de que a memória é como um músculo flácido que pode ser tonificado mesmo em idades avançadas é que se popularizaram as propostas da Ginástica Mental como terapia eficaz para evitar a erosão da memória relacionada com a idade. Entre os exercícios recomendados estão jogar brigde, resolver palavras-cruzadas e quebra-cabeças ou aprender um idioma. Isso é, estas atividades podem fazer pelo cérebro o que os abdominais fazem pelo corpo.
Corroborando os resultados positivos da Ginástica Mental, o Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos tornou público o maior estudo clínico já realizado sobre o exercício da memória; examinou 2,800 pessoas de 65 anos ou mais. Conclusões: cerca de 26% das que receberam um treinamento normal mostraram uma melhoria substancial. Em outro subgrupo, onde os participantes fizeram exercícios de velocidade de processamento, 87% mostrou uma melhoria muito superior.
R E F L E X Õ E S
Depois de conhecer estes estudos e as conclusões correspondentes, onde se defende o critério de que a atividade mental é fundamental para a manutenção da memória e a atividade geral do cérebro, pergunto-me: que outra atividade pode se constituir numa ferramenta perfeita e possivelmente mais efetiva do que as mencionadas anteriormente para cumprir os princípios de uma verdadeira Ginástica Mental?
A resposta é simples: o Xadrez. Ou acaso uma partida de Xadrez não se constitui, por si só, num exercício mental, onde, a cada instante, o cálculo, a velocidade de processamento e organização de uma ampla gama de informações e a tomada de decisões são fundamentais?
Calcular árvores de variantes e encontrar soluções sob a pressão de um tempo determinado é, por si só, um treinamento mental completo, onde, ademais, fatores desportivos e psicológicos obrigam o jogador a ser sumamente exato no processo mental que implica na busca e comprovação de soluções.
O Xadrez, que é uma das mais interessantes criações do engenho humano, é uma atividade intelectual que se constitui num elemento sumamente importante dentro de diferentes atividades que podem servir para a realização de estudos sobre o comportamento do cérebro. Poucas atividades mentais podem comparar-se ao jogo-ciência como exemplo de processamentos de dados e organização de ideias em busca de solucionar problemas sob determinadas situações complexas e variáveis.
A riqueza temática do Xadrez é incalculável, já que inter-relaciona elementos científicos, artísticos, lógicos, matemáticos, filosóficos, psicológicos, estratégicos e táticos. Estas aplicações permitem assegurar que o Xadrez é uma Ginástica Mental Integral de infinitas potencialidades de investigação no campo da Saúde Mental. Sua prática contribui para prolongar as faculdades intelectuais.
Entendo que não está longe o dia em que os Cientistas dedicados às investigações do cérebro tomem muito a sério o Xadrez como uma ferramenta fundamental para o estudo de diferentes aspectos relacionados com a memória, o processo do pensamento e toda a atividade do cérebro, o mais complexo e perfeito órgão que possui o ser humano. (MI Nelson Pinal Borges - www.clubedexadrez.com.br)
Depois de ser os pioneiros na Saúde Física, os norte-americanos estão dedicados atualmente na manutenção de seus cérebros em forma. Daí os diferentes estudos realizados por respeitáveis instituições científicas sobre este importante tema.
No artigo mencionado, expõem-se vários conselhos para evitar a deterioração da memória. Desde determinadas dietas ricas em VITAMINA A, E e antioxidantes naturais, até dormir o suficiente, maior utilização da mão contrária, fazer exercícios diários e tratar de diminuir as situações que provoquem stress.
Assinala também que o enfoque mais popular para manter afinada a memória constitui em seu treinamento ativo, o que alguns especialistas denominam Ginástica Mental Aeróbica. Para tal efeito, a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, oferece cursos de treinamentos da memória, de cinco semanas de duração, baseados em diferentes provas cognoscitivas e conselhos práticos.
Baseados no princípio de que órgão que não se exercita se atrofia, e de estudos recentes que reforçam o critério de que a memória é como um músculo flácido que pode ser tonificado mesmo em idades avançadas é que se popularizaram as propostas da Ginástica Mental como terapia eficaz para evitar a erosão da memória relacionada com a idade. Entre os exercícios recomendados estão jogar brigde, resolver palavras-cruzadas e quebra-cabeças ou aprender um idioma. Isso é, estas atividades podem fazer pelo cérebro o que os abdominais fazem pelo corpo.
Corroborando os resultados positivos da Ginástica Mental, o Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos tornou público o maior estudo clínico já realizado sobre o exercício da memória; examinou 2,800 pessoas de 65 anos ou mais. Conclusões: cerca de 26% das que receberam um treinamento normal mostraram uma melhoria substancial. Em outro subgrupo, onde os participantes fizeram exercícios de velocidade de processamento, 87% mostrou uma melhoria muito superior.
R E F L E X Õ E S
Depois de conhecer estes estudos e as conclusões correspondentes, onde se defende o critério de que a atividade mental é fundamental para a manutenção da memória e a atividade geral do cérebro, pergunto-me: que outra atividade pode se constituir numa ferramenta perfeita e possivelmente mais efetiva do que as mencionadas anteriormente para cumprir os princípios de uma verdadeira Ginástica Mental?
A resposta é simples: o Xadrez. Ou acaso uma partida de Xadrez não se constitui, por si só, num exercício mental, onde, a cada instante, o cálculo, a velocidade de processamento e organização de uma ampla gama de informações e a tomada de decisões são fundamentais?
Calcular árvores de variantes e encontrar soluções sob a pressão de um tempo determinado é, por si só, um treinamento mental completo, onde, ademais, fatores desportivos e psicológicos obrigam o jogador a ser sumamente exato no processo mental que implica na busca e comprovação de soluções.
O Xadrez, que é uma das mais interessantes criações do engenho humano, é uma atividade intelectual que se constitui num elemento sumamente importante dentro de diferentes atividades que podem servir para a realização de estudos sobre o comportamento do cérebro. Poucas atividades mentais podem comparar-se ao jogo-ciência como exemplo de processamentos de dados e organização de ideias em busca de solucionar problemas sob determinadas situações complexas e variáveis.
A riqueza temática do Xadrez é incalculável, já que inter-relaciona elementos científicos, artísticos, lógicos, matemáticos, filosóficos, psicológicos, estratégicos e táticos. Estas aplicações permitem assegurar que o Xadrez é uma Ginástica Mental Integral de infinitas potencialidades de investigação no campo da Saúde Mental. Sua prática contribui para prolongar as faculdades intelectuais.
Entendo que não está longe o dia em que os Cientistas dedicados às investigações do cérebro tomem muito a sério o Xadrez como uma ferramenta fundamental para o estudo de diferentes aspectos relacionados com a memória, o processo do pensamento e toda a atividade do cérebro, o mais complexo e perfeito órgão que possui o ser humano. (MI Nelson Pinal Borges - www.clubedexadrez.com.br)
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